Por Lucas Lyra
A delação premiada do ex-governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), continua movimentando a política em Brasília e tirando o sono de muita gente. Desta vez, a operação Malebolge (em referência ao oitavo círculo do inferno no icônico livro de Dante “A divina comédia”) da Polícia Federal (PF), cumpriu 65 mandatos de busca e apreensão em dois estados e no Distrito Federal nesta quinta-feira (14).
Como a operação envolve autoridades com prerrogativa de foro privilegiado, como o ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP-MT) e os cinco conselheiros do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE-MT) citados na investigação, os mandatos foram expedidos pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O ministro, que é o relator da “Lava-Jato pantaneira”, já afirmou em diversas oportunidades que o processo, chamada por ele de “monstruosa”, rivaliza com a operação liderada pelo juiz Sergio Moro tanto nos valores envolvidos quanto no “nível” dos acusados.
O inquérito investiga crimes de corrupção ativa e passiva, organização de criminosa e crimes contra a ordem tributária. A operação busca ainda coletar indícios sobre uma eventual prática de obstrução da justiça.
Os atos investigados pela operação, que é um desdobramento da Ararath, se deram principalmente entre 2006 e 2014 e consistem basicamente no pagamento de propina a membros do legislativo estadual para garantir aprovação e sustentação de projetos do governo dentro da Assembleia Legislativa do Mato Grosso.
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP-MT), emitiu uma nota oficial sobre o episódio:
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Sobre a Operação Malebolge realizada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (14), esclarecemos que:
- Nunca houve ação, minha ou por mim autorizada, para agir de forma ilícita dentro das ações de Governo ou para obstruir a justiça. Jamais vou aceitar qualquer ação para que haja “mudanças de versões” em depoimentos de investigados. Tenho total interesse na apuração da verdade.
- Ratifico ainda que não houve pagamentos feitos ou autorizados por mim, ao então secretário Eder Moraes, para acobertar qualquer ato, conforme aponta de forma mentirosa o ex-governador Silval Barbosa em sua delação.
- Jamais utilizei de meios ilícitos na minha vida pública ou nas minhas empresas. Sempre respeitei o papel constitucional das Instituições e como governador, pautei a relação harmônica entre os poderes sobre os pilares do respeito à coisa pública e à ética institucional.
- Por fim, ressalto que respeito o papel da Justiça no cumprimento do seu dever de investigação, mas deixo claro que usarei de todos os meios legais necessários para me defender e reestabelecer a verdade dos fatos.