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Alcolumbre diz que ‘todos os dias’ governo comete ‘trapalhada’ na coordenação política

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou nesta quarta-feira (5), em entrevista ao programa Central GloboNews, que o governo Jair Bolsonarocomete, diariamente, “algum tipo de trapalhada na coordenação política”. Segundo o parlamentar do DEM, há muito “desencontro” na articulação política do Palácio do Planalto.

Para Alcolumbre, se a proposta de reforma da Previdência vier a ser aprovada, será porque há parlamentares que “acreditam que é um caminho para gerar riquezas para transformar o Brasil”, e não por mérito da articulação política do governo federal.

“O governo [Bolsonaro] comete, todos os dias, algum tipo de trapalhada na coordenação política, na gestão e na relação política. […] É muito desencontro ao mesmo tempo, em uma mesma semana”, disse o presidente do Senado.

Ao destacar episódios que classifica como desencontros da articulação política de Bolsonaro, o senador relembrou a carta que recebeu na qual o presidente da República defendia a votação pelo Senado da medida provisória 870. A MP reestruturava a administração federal, reduzindo de 29 para 22 o número de ministérios.

Ao tramitar na Câmara, deputados incluíram um “jabuti” (assunto que não fazia parte do tema original) para devolver o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) ao Ministério da Economia.

No início do mandato, Bolsonaro havia transferido o órgão de controle para o Ministério da Justiça, pasta comandada pelo ex-juiz federal Sérgio Moro, porém, parlamentares da oposição e do Centrão se articularam para desfazer a troca.

Alcolumbre (de costas, segundo da esq. para a dir.), com Bolsonaro durante café da manhã oferecido no Palácio da Alvorada aos chefes do Legislativo e do Judiciário — Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República

Alcolumbre (de costas, segundo da esq. para a dir.), com Bolsonaro durante café da manhã oferecido no Palácio da Alvorada aos chefes do Legislativo e do Judiciário — Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República

A carta de uma página, assinada por Bolsonaro e pelos ministros Sérgio Moro, Paulo Guedes (Economia) e Onyx Lorenzoni (Casa Civil), ressaltava aos senadores que, caso não fosse aprovada até 3 de junho, a medida provisória iria caducar. A carta foi entregue durante café da manhã oferecido pelo presidente da República, no Palácio da Alvorada, aos chefes dos três poderes.

No último dia antes de a MP perder a validade, o Senado aprovou o texto sem alterar as mudanças feitas pelos deputados para evitar que a proposta tivesse que retornar para a Câmara e, com isso, caducasse.

“Imagina só o presidente da República ser obrigado a assinar um documento apelando ao presidente do Senado, com a assinatura do ministro da Casa Civil, do ministro da Justiça, do ministro da Economia, dizendo ‘por favor, eu peço ao Senado que aprove para não corrermos o risco de perder a reestruturação do governo’. O governo foi obrigado a fazer isso porque o Senado Federal precisava de um sinal do governo de que ele confia na política”, ressaltou Alcolumbre.

“Foi uma decisão do governo porque o clima estava muito tenso”, complementou o presidente do Senado.

Redes sociais

Davi Alcolumbre também criticou na entrevista os ataques direcionados à classe política, principalmente, por meio de redes sociais por simpatizantes de Bolsonaro. Na avaliação do presidente do Senado, usuários de redes sociais estão criminalizando a política, “agredindo” a democracia.

Para o senador do DEM, o presidente da República deveria tomar a iniciativa de tentar conter as agressões aos políticos protagonizadas no mundo virtual por seus seguidores, fazendo gestos de aproximação com o Congresso Nacional.

“Esse modelo que o presidente [Bolsonaro] implantou de não se aproximar da política não está dando certo. Ele foi eleito com esse discurso que ia mudar e ia ser diferente, mas acabou a eleição. Ele precisa se aproximar da política”, enfatizou.

“A reciprocidade no tratamento é fundamental na política. A gente precisa que o governo faça gestos ao parlamento. O parlamento está fazendo gestos todos os dias”, destacou Alcolumbre.

Porte de armas

Além de criticar a articulação política do governo federal, Davi Alcolumbre também fez ponderações sobre o decreto assinado por Bolsonaro que flexibilizou o porte de armas.

Embora tenha ressaltado que a decisão foi coerente com o que presidente da República sempre defendeu, o senador do Amapá lembrou que parecer elaborado pela da área técnica do Senado apontou que o decreto extrapolou os limites dos poderes do Executivo federal.

Alcolumbre destacou ainda que pesquisa Ibope publicada na última segunda-feira (3) pelo jornal “O Globo” mostrou que a maioria dos brasileiros é contra flexibilizações de posse e de porte de armas de fogo.

“Agora, a pesquisa mostra que 80% das pessoas estão contra o presidente assinar o decreto para liberar o porte de armas”, observou o senador.

Na opinião de Alcolumbre, a flexibilização do porte de armas não resolverá o problema da segurança pública. “Em um momento de tanta fragilidade social, dar liberdade para as pessoas portarem armas não vai ser um episódio bom para o Brasil.”

Agenda política

Questionado na entrevista sobre a condução da política na gestão Bolsonaro, o presidente do Senado disse que, na avaliação dele, parece que o governo federal “não tem uma agenda” para o país.

Diante desta avaliação, Alcolumbre afirmou que o Congresso vai tomar as rédeas desse processo, apresentando uma agenda política própria.

“Se o governo não tem agenda, e parece que não tem, nós vamos fazer a nossa. A cobrança está sendo em cima do parlamento.”

Da Redação com informações do G1

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