O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) pediu ontem (12) ao Conselho de Ética do Senado que apure se o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) quebrou o decoro parlamentar.
Neste domingo, Kajuru divulgou o conteúdo de uma conversa telefônica que teve com o presidente Jair Bolsonaro, pai de Flávio.
O que há no áudio divulgado por Kajuru
No telefonema, Bolsonaro reclama da CPI da Pandemia, que, para ele, buscará fazer um relatório “sacana”. Bolsonaro também xinga e ameaça agredir o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autor do pedido de criação da CPI.
O Conselho de Ética do Senado está parado. A última reunião ocorreu em setembro de 2019. Aguardam análise do colegiado representações contra Flávio Bolsonaro, relacionada ao caso das rachadinhas, e Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado com dinheiro na cueca.
A Frente Nacional dos Prefeitos se manifestou nesta segunda-feira sobre o áudio divulgado por Kajuru. Disse que Bolsonaro busca uma “cortina de fumaça”.
O Cidadania, partido ao qual Kajuru é filiado, pediu ao parlamentar que deixe a legenda.
Argumentos
Na denúncia apresentada ao Conselho de Ética do Senado, Flávio Bolsonaro classifica a gravação como “clandestina”. Diz também que Kajuru divulgou a conversa sem justificar “a estrita necessidade”.
“Incorreu [Jorge Kajuru] em conduta manifestamente incompatível com o decoro parlamentar e com a compostura pessoal que se espera de uma autoridade, máxime [principalmente] em assuntos de natureza sensível e em diálogo direto com o presidente”, diz Flávio Bolsonaro.
Kajuru afirma que avisou Bolsonaro sobre a gravação. Segundo ele, o presidente não se opôs.
Em outro trecho do documento enviado ao conselho, Flávio Bolsonaro lembra que a conversa veiculada por Kajuru está relacionada à CPI da Pandemia, cuja instalação foi determinada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), após ação apresentada pelo próprio Kajuru e por Alessandro Vieira (Cidadania-SE).
Crise
Na representação contra Kajuru, o filho do presidente acrescenta que a divulgação do áudio aumenta a crise institucional “que domina o país”.
Quando Barroso determinou a instalação da CPI, Bolsonaro afirmou em uma rede social que falta “coragem moral” ao ministro do STF e “sobra-lhe imprópria militância política”.
Em resposta a Bolsonaro, Luís Roberto Barroso afirmou que age com seriedade. O próprio Supremo também se posicionou, declarando que os ministros tomam decisões “conforme a Constituição e as leis”.