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Governo é a principal fonte de desinformação sobre Covid, diz estudo

Um relatório da ONG Artigo 19 mostrou que a divulgação de informações inconsistentes e fake news nos canais oficiais do governo brasileiro resultaram na ampliação da contaminação e no número de mortes pela Covid-19.

O estudo, intitulado “Infodemia e Covid-19″, mostrou que 35% das 20 respostas do Minstério da Saúde, obtidas via Lei de Acesso à Informação (LAI), sobre temas relacionados à pandemia são classificadas como “informação desonesta”. Outros 25% são descritos como “desinformação intencional”.

Os retornos mostraram que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ao lado do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se tornou símbolo da “infodemia”, como classificam a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Panamericana de Saúde (OPAS). O termo se refere a um estado em que informações dissonantes são multiplicadas em meios que deveriam fornecer informações confiáveis.

De acordo com Ana Gabriela Ferreira, coordenadora de Acesso à Informação e Transparência da Artigo 19, o estudo mostra que, além de disseminar informações falsas, o governo brasileiro tornou mais difcícil o acesso a dados que deveriam ser públicos.

Em relação à crise pela falta de oxigênio em Manaus, a resposta do Ministério da Saúde foi classificada como “desinformação intencional”, uma vez que a pasta se limitou a dizer que o assunto “não é de competência do Ministério da Saúde”. Hoje, sabe-se que o Sistema Único de Saúde já havia elaborado estudos que previam o problema.

Sobre o Kit Covid, a ONG classificou as respostas do Ministério da Saúde como “desonestas”. “Devido a alguns estudos preliminares, foi possível disponibilizar os medicamentos cloroquina e hidroxicloroquina para uso compassivo na terapia adjuvante no atendimento da população no contexto da Covid-19, sem que outras terapias de suporte fossem preteridas a seu favor”, escreveu a pasta em resposta ao pedido via LAI.

Entretanto, além da promoção do tratamento precoce nas redes sociais oficiais do ministério, na mesma época, Bolsonaro comemorou o “diagnóstico mais rápido” com o aplicativo TrateCov, que indicava os medicamentos do Kit para a Covid.

“Perguntamos quais seriam as evidências de suporte para os medicamentos do chamado “tratamento precoce” e em nenhuma delas tivemos um retorno específico. Recebemos documentos aleatórios e a pasta nos informou que não faria o trabalho adicional para disponibilizar a informação”, diz a coordenadora do estudo.

Do total de 20 pedidos de LAI, 12 tiveram respostas classificadas como insatisfatórias. Assim, as outras oito tiveram respostas “satisfatórias através de transparência passiva”, informações públicas do Ministério da Saúde ou declarações do presidente, sendo três com respostas parciais. No entanto, em relação à amplitude dos acessos, 75% dos pedidos via LAI tiveram retornos insuficientes.

“Existe não só uma retirada de informações e de sistemas que já eram públicos, mas também um progressivo corte de verbas para coleta e publicização de dados reais. A falta de informação oficial contribui para a criação de narrativas paralelas, por isso entendemos como uma política de desinformação. Não está se investindo só em falar algo, mas retirar a possibilidade de confronto do que está sendo dito, de verificação da realidade”, diz Ana Gabriela Ferreira.

O levantamento também mostrou que apenas 15% das respostas eram verdadeiras. “Nestas, os pronunciamentos ministeriais foram mínimos e não houve pronunciamento do presidente. O que nos permite observar como a não informação e a informação conflitante foram bases das declarações do governo na condução da política de saúde”, detalha o documento.

“Não podemos aceitar como brincadeira o que é dito pelo presidente no Twitter, já que é utilizado para comunicar atos públicos desde o início do mandato. Acredito que uma limitação prévia não é a saída pelo bem da liberdade de expressão, mas isso não impede a responsabilização das pessoas quando sua liberdade de opinião fere direitos de outras pessoas” afirma Ana Gabriela Ferreira.

Da redação com Metrópoles

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