Uma comitiva liderada pelo juiz Rodrigo Curvo, titular Vara Especializada de Meio Ambiente (VEMA) de Cuiabá, fez uma ampla vistoria nas áreas das Baías de Chacororé e Siá Mariana, localizadas no Pantanal Mato-grossense, no município de Barão de Melgaço (109,5 km), na sexta-feira, 10 de setembro, com objetivo de checar a situação local e avaliar as ações necessárias para a recuperação e a preservação do bioma.
Em julho deste ano, o juiz Rodrigo Curvo determinou que o Estado de Mato Grosso apresente um plano de ação de curto, médio e longo prazos para resolver os problemas relacionadas à redução no volume de água das baías. O Judiciário está atuando como mediador entre as partes, através do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania – Cejusc Ambiental para a busca de uma solução consensual para a questão. Após audiência realizada no dia 12 de agosto, foi determinada a vistoria.
Uma série de intervenções precisam ser feitas para que as baías voltem a receber o volume de água necessário, recuperem seu volume e todo o ecossistema local seja restaurado. Atualmente, as duas baías estão com cerca de 50% do volume de água que costumavam ter poucos anos atrás.
Durante todo o dia, a comitiva visitou de carro os principais corixos (córregos que abastecem as baías), como o corixo Caiçara, da Uva, Manuel Domingos, e a barragem do corixo do Tarumã, os Rios Cupim, Chacororé e Água Branca, além de quatro pontos ao longo da MT 040 que passa pelo pantanal naquela região. Também foi feito um sobrevoo da área com a presença do magistrado, do governador Mauro Mendes e da promotora do Ministério Público Maria Fernanda Corrêa da Costa.
O magistrado destacou que as ações de cuidado e preservação do Pantanal devem ser permanentes diante do cenário de mudanças climáticas que atinge o planeta. “Há um cenário de mudanças climáticas e o Pantanal é um bioma que merece atenção permanente. Conseguimos identificar algumas situações que temos certeza de que os técnicos, tanto do Governo como do Ministério Público, terão condições de propor soluções dentro do processo. O cenário dentro do bioma pantaneiro exige vigilância permanente”.
A busca de soluções para a recuperação das baías de forma consensual, com a mediação feita pelo Judiciário também foi destaca por Rodrigo Curvo. “Todos os pontos que puderem ser solucionados, de maneira negociada e consensual entre as partes, sempre atingem de maneira mais adequada os objetivos para os quais foram propostos, traz mais celeridade ao processo. Os levantamentos técnicos não são simples, são levantamentos complexos, mas o processo está bem adiantado e tenho certeza de que teremos condições de serem solucionados, pelo menos alguns pontos, nos próximos dias de forma consensual”.
Já a professora de Ecologia da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Carolina João da Silva, que está prestando consultoria para o MPE na ação, alertou que todas as intervenções devem ser feitas com extremo cuidado, respeitando as características complexas do sistema que irriga as baías. “São obras que precisam ser feitas, mas não podem ser como uma obra tradicional de engenharia. Nos corixos, por exemplo, temos que fazer a limpeza até a baía, como uma restauração ecológica da conexão entre o rio Cuiabá e a baía com muito cuidado. Se esse trabalho for bem-feito será um piloto, um modelo, para todos os outros locais que precisam ser restaurados”.
A partir da vistoria, os técnicos do Ministério Público Estadual e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente irão apresentar relatórios, que serão analisados na próxima audiência de conciliação entre as partes, a ser realizada ainda no mês de setembro.
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Angela Jordão
Coordenadoria de Comunicação da Presidência do TJMT