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“Vírus chinês”: procurador que dissemina fake news deixa o comando do MPF-GO

Conhecido por seu perfil bolsonarista radical, o procurador da República Ailton Benedito deixará o comando administrativo do Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO), que passará a ser ocupado pela procuradora Léa Batista de Oliveira Moreira Lima. Nos bastidores, colegas deles comentam que a mudança marca uma inflexão ideológica nos rumos do órgão.

Léa foi eleita com mandato para o biênio 2021 a 2023. Ailton integrou a comissão eleitoral, mas não participou da eleição, desta vez. Alexandre Moreira Tavares dos Santos foi eleito procurador-chefe substituto.

Benedito se coloca na direita conservadora, é alinhado aos ideais do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e tornou-se ainda mais conhecido por dar opiniões polêmicas nas redes sociais e em seus despachos.

Histórico polêmico

Em março deste ano, conforme mostrou o Metrópoles, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) instaurou processo administrativo disciplinar contra o procurador. Ele é investigado por difundir “discurso de ódio” e xenofóbico, ao se referir ao Sars-Cov-2 como “vírus chinês”, além de outras falas repressivas.

Benedito também é defensor do uso de medicamentos para pacientes com Covid-19. Em março deste ano, o procurador articulou divulgação de nota técnica, por parte do MPF-GO, na qual apoia o uso de medicamentos como hidroxicloroquina e ivermectina no tratamento precoce contra a doença, apesar de não haver comprovação científica sobre a eficácia dessa terapia e do uso dessas drogas em de pacientes com a infecção.

Por ações como essa, ele foi apontado, pelo site fact-checking aosfatos.org, como um dos principais propagadores de conteúdo sobre cloroquina.

Neste ano, o procurador, que é ex-secretário de Direitos Humanos e Defesa Coletiva do MPF, também chegou a abrir investigação para apurar postagens de brasileiros censuradas pelo Facebook e Instagram sobre a doença.

Além disso, o procurador já disse que o nazismo é um movimento político de esquerda e pediu explicações formalmente ao Itamaraty sobre um suposto envio de brasileiros menores de idade para terem treinamento militar e ideológico na Venezuela.

Este último despacho foi em 2014, quando o Brasil ainda era governado pelo PT. Na época, Bolsonaro era deputado isolado na Câmara, e o conceito fake news ainda era pouco discutido.

Perfil oposto

A procuradora-chefe eleita pela comissão eleitoral do MPF-GO segue uma linha oposta à de Benedito. Ela é signatária de uma nota divulgada em 2020, por procuradores da República, na qual defende a independência do MPF e critica o que classifica de subserviência do procurador-geral da República, Augusto Aras, ao Palácio do Planalto.

Léa também é signatária de um despacho de março de 2019, no qual quatro procuradores recomendam que as Forças Armadas lotadas em Goiás não promovam ou participem de qualquer ato em comemoração, ou homenagem, ao golpe de 1964, que deu início à ditadura militar no Brasil.

A Procuradoria-Geral da República já foi comunicada pela comissão eleitoral sobre o resultado da votação no MPF-GO e agora cabe a Augusto Aras a nomeação para os cargos da estrutura da instituição.

Da redação com o Metrópoles

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