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Dominguetti queria US$ 0,25 de comissão por vacina, indica perícia em celular

O celular de Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresenta como representante da Davati Medical Supply no Brasil, indica contatos com os quais ele combinava comissões a serem cobradas por vacina vendida, segundo mostra laudo da perícia à qual o aparelho foi submetido. Segundo as mensagens, Dominguetti negociava uma comissão de US$ 0,25 com seus parceiros. As informações são do programa Fantástico, da Rede Globo.

No celular, havia cerca de 900 caixas de diálogos. A um contato de nome Guilherme Filho Odilon, Dominguetti enviou a seguinte mensagem: “Estamos negociando algumas vacinas em número superior a 3 milhões de doses. Nesse caso, a comissão fica em 0,25 centavos de dólar por dose. O que estamos fazendo é pegar o volume da comissão e dividir de forma igual a todos os envolvidos”. À CPI, ele havia comentado um valor menor como comissão, de US$ 0,20.

A esse contato, Dominguetti assegurou, em outro diálogo, que teria à disposição vacinas AstraZeneca a US$ 3,97 por dose e com capacidade de entrega imediata de 100 milhoes de doses. “Amapá e Mato Grosso estão comprando”, disse.

Os senadores da CPI da Covid querem saber quem é Odilon, nome que chegou a ser citado na CPI, mas Dominguetti disse, na ocasião, que não recordava do nome completo do parceiro – que teria apresentado a ele o tenente-coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do Ministério da Saúde e dono da Valorem Consultoria em Gestão Empresarial, sediada em Brasília.

As mensagens do celular também mostram que em fevereiro deste ano Dominguetti recebeu ligação de um contato chamado “Haroldo Vacinas Compra”. Na pauta, uma suposta compra de vacinas pelo estado do Amazonas. “Inicialmente liberaram lá de um fundo de R$ 160 milhoes”, relatou Haroldo. Não foi revelado o final da convera entre ambos.

Dominguetti também “negociava”outras vacinas, como a russa Sputnik V, segundo as mensagens periciadas.

Aparelho apreendido

O aparelho foi periciado no Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e o laudo foi entregue na sexta-feira (2/7), à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. O celular de Dominguetti foi apreendido na quinta-feira (1º/7), durante depoimento de Dominguetti à comissão, no Senado.

O laudo feito por peritos criminais. Ainda na quinta, policiais extraíram os dados do aparelho e os “espelharam” em um arquivo, para que os membros da CPI pudessem analisar o conteúdo.

Depoimento

Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresentou como representante da empresa de vacinas Davati Medical Supply, reafirmou na CPI da Covid ter recebido a proposta em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde. Durante o depoimento, Dominguetti também acusou o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) de ter tentado negociar vacinas, teve celular apreendido e a prisão pedida.

Segundo Dominguetti, o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, durante um jantar no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, região central da capital federal, teria pedido a propina, no dia 25 de fevereiro.

“O pedido foi exclusivamente de Roberto Dias. O valor era de um dólar por dose. Oferecemos a US$ 3,50 a primeira proposta. A Davati estava ofertando ao Ministério da Saúde 400 milhões de doses”, disse Dominguetti.

A suspeita de pedido de propina de US$ 1 por dose de imunizante contra o novo coronavírus fez com que a CPI da Covid antecipasse o depoimento de Dominguetti. Assim, ele foi ouvido nesta quinta-feira (1°/7), em lugar de Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, empresa intermediária nas negociações entre o laboratório indiano Bharat Biotech, que produz a vacina Covaxin, e o Ministério da Saúde.

Veja como foi:

Dominguetti afirmou, durante o depoimento, que o deputado federal Luis Miranda teria procurado a empresa e o procurador da Davati, Cristiano Alberto Carvalho, para negociar compra de vacinas. O vendedor destacou que, após protocolar proposta de venda no Ministério da Saúde, diversos assessores e parlamentares passaram a procurar a empresa para se oferecer como intermediador das negociações.

“Tenho informação que parlamentar tentou negociar busca por vacinas dentro da Davati. Isso eu tenho. A informação que tenho é de um: o que aqui que fez acusação contra o presidente da República”, declarou o vendedor, referindo-se a Miranda.

E colocou um áudio em que, supostamente, o parlamentar teria conversado com Cristiano (ouça aqui o áudio). O deputado nega que o diálogo fosse sobre vacinas e até foi a um cartório para comprovar que gravação é de 2020. Da mesma forma, Miranda afirmou que vai pedir à CPI a prisão de Dominguetti.

Então, a mesa da CPI da Covid determinou a apreensão do celular de Dominguetti para periciar o áudio divulgado pelo empresário atribuído ao deputado federal.

Após o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) pedir a prisão de Dominguetti, o presidente da CPI, Omar Aziz, disse que não o prenderia. “Não tenho nenhuma intenção de prendê-lo. Não irei lhe prender porque imagino seus filhos, sua esposa lhe vendo neste momento. Aquilo que a gente não quer para gente, não deseja para os outros”, disse o senador.

Acordo verbal

No início do depoimento, Dominguetti disse que havia um acordo inicial verbal onde tinha o consentimento da Davati para que representasse a empresa na negociação com o Ministério da Saúde. “O CEO da Davati solicitou a minha inclusão na proposta ao ministério, para validar”, contou, referindo-se a Cristiano Alberto Carvalho.

Dominguetti garantiu ter relação de intermediação com a empresa e, assim, começou os contatos com o MS. “Estive três vezes no Ministério da Saúde ofertando as vacinas. Nossa parceria começou em janeiro e foi oficializada mesmo em meados de abril”, apontou.

“Roberto Dias sempre pôs o entrave no sentido que se não se majorasse a vacina na aquisição por parte do ministério. Na conversa, ele disse que a pasta dele tinha o orçamento que poderia compor a compra da vacina”, continuou.

Dominguetti deu detalhes do encontro. Ele disse ter sido apresentado ao ex-diretor de Logística pelo tenente-coronel Marcelo Blanco. “Não tinha o contato, nunca conversei com Roberto Dias. Não o conhecia. Era entre Blanco e o CEO da Davati. Até que sugeriram uma vinda minha a Brasília para tratar dessa aquisição dessas vacinas”.

Dias foi exonerado na manhã de quarta-feira (30/6). O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, nomeou o general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes como substituto eventual.

À Folha de São Paulo, Dominguetti afirmou que a empresa Davati buscou a pasta para negociar 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca com proposta de US$ 3,5 por dose (depois disso, passou a US$ 15,5). “O caminho do que aconteceu nesses bastidores com o Roberto Dias foi uma coisa muito tenebrosa, muito asquerosa”, afirmou o depoente.

Da redação com o Metrópoles

 

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